Para o professor, na atualidade, o tempo de sala de aula deixa de ser
aquele tempo de cumprir com as obrigações, de realizar atividades que se
destinam a preencher a carga horária?
Sim ou não: por quê?
A escola como organização necessita seguir algumas regras em relação ao
tempo em que as coisas acontecem. Inicia-se essa difícil divisão pelo
calendário escolar, um verdadeiro vilão por vezes de um trabalho de qualidade.
O currículo escolar através do PPP também é organizado, de maneira que, muitas
vezes, dificultam o trabalho engessando os conteúdos e tornando a tarefa de
contextualizar, tornar lúdico e trabalhar de maneira critica as diferentes
áreas do conhecimento. Além de todas as obrigações da escola também existem as
provas externas, os índices do governo, as datas comemorativas e tudo mais para
dificultar o processo.
Outro tempo necessário ao professor é o de conhecer seus alunos,
entender e compreender como a criança faz suas conexões e fazer o diagnóstico
da turma é um tempo fundamental. Além de tudo isso, cada escola deve se
organizar de maneira a respeitar a comunidade local, levando em conta a
realidade onde está inserida.
Mas, como fazer que tudo isso se encaixe em uma educação de qualidade? O
PPP da escola tem a função de articular esses tempos escolares ele deve ser construído
em coletividade levando em conta principalmente o olhar dos educadores que em
sala de aula enfrentam os desafios de articulação do tempo no dia-a-dia.
Nessa articulação muitas vezes o ensino acaba por ficar compartimentado,
dividido em pequenos períodos onde, as disciplinas consideradas mais
importantes tem mais tempo do que as demais. Assim muitas vezes o tempo é
escasso pra tratar de conteúdos tão importantes.
Enguita (1989) diz:
A
sucessão de períodos muito breves – sempre de menos de uma hora – dedicados a
matérias muito diferentes entre si, sem necessidade de sequência lógica entre
elas, sem atender à melhor ou à pior adequação de seu conteúdo a períodos mais
longos ou mais curtos e sem prestar nenhuma atenção à cadência do interesse e
do trabalho dos estudantes; em suma, a organização habitual do horário escolar
ensina ao estudante que o importante não é a qualidade precisa de seu trabalho,
a que o dedica, mas sua duração. A escola é o primeiro cenário em que a criança
e o jovem presenciam, aceitam e sofrem a redução de seu trabalho a trabalho
abstrato. (ENGUITA, 1989, p.180)
Deste modo diferentes autores e
educadores convergem no pensamento de que sim... Muitas vezes o tempo escolar
acaba apenas representando um espaço para cumprimento de carga horária e uma
busca desesperada por dar conta de uma grade curricular absurda. Sim, muitas
vezes em detrimento a cumprir todas as obrigações escolares o ensino é
prejudicado. Por isso é muito importante que o tempo escolar seja assunto
constante, a fim de buscarmos alternativas para uma educação de qualidade, com
prioridades que levem em conta o ensino para a cidadania.
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