Relatório final...
Será necessário oportunizar situações em que os alunos
participem cada vez mais intensamente na resolução das atividades e no processo
de elaboração pessoal, em vez de se limitar a copiar e reproduzir
automaticamente as instruções ou explicações dos professores. Por isso, hoje o
aluno é convidado a buscar, descobrir, construir, criticar, comparar, dialogar,
analisar, vivenciar o próprio processo de construção do conhecimento. (ZABALLA, 1998)
O projeto Um
lagarto no Jardim foi muito prazeroso e significativo, a turma bastante falante
e ativa enriqueceu cada atividade mostrando interesse e curiosidade. Como
retornava de licença acompanhei parte do projeto com a professora que cobria
minha licença, mas fui construindo com ela uma parceria para que com meu
retorno o projeto tivesse andamento. Então, as atividades propostas e toda a
estrutura foi feita por mim, mas algumas atividades aplicadas por ela. É muito
importante na proposta de projeto que haja um olhar atento ao interesse das
crianças para que o mesmo não seja um assunto lançado pelo professor.
Algo muito
fundamental no sucesso este processo foi a escuta, ouvir e estar atento aos
diálogos das crianças, não só nos momentos de conversa dirigida (rodinha), mas
durante as brincadeiras, no pátio e nos espaços de convivência trouxe subsídios
para a elaboração de cada meta. Rodari,
um dos fundadores da escola municipal de Reggio Emilia, Itália, bebeu na fonte
do Surrealismo e trouxe a técnica de escrita automática para a pedagogia, defendendo
a tese de que a criança tem mais a dizer do que sonha nosso vão tradicionalismo
escolar. Estar disposto a ouvir a criança é primordial nos projetos
de pesquisa com crianças tão pequenas. Assim a meta 1 que propunha a busca por
uma questão para a pesquisa surgiu naturalmente, e por isso defendo que o
cronograma deve ser elaborado ao longo do
processo a fim de não engessar o trabalho.
A meta 2 das
certezas e dúvidas seguiu a mesma linha da escuta, nos diferentes tempos e
espaços fomos arrecadando dados, falas e
a pesquisa de imagens através das fotos tiradas pelas crianças também foi muito
interessante. De acordo com Lévy (1993), as tecnologias se transformam em
tecnologias da inteligência, ao se construírem enquanto ferramentas que
auxiliam e configuram o pensamento, tendo nele, portanto, um papel
constitutivo. Ao mesmo tempo, tornam-se metáforas, servindo como instrumentos
do raciocínio, que ampliam e transformam as maneiras precedentes de pensar.
Para o autor citado, as tecnologias agem na cognição de duas formas: (a)
transformam a configuração da rede social de significação, cimentando novos
agenciamentos, possibilitando novas pautas interativas de representação e de
leitura do mundo; (b) permitem construções novas, constituindo-se em fonte de metáforas
e analogias (MARASCHIN & AXT, 2005, p. 43). Pensando nisso utilizei a
tecnologia a serviço da pesquisa. As crianças se sentiram participantes e
ficaram realizadas em poder fotografar, muitas delas nunca tinham utilizado a
câmera e amaram a experiência registrando com autonomia o que lhes era
interessante. Ver as fotos no data show e depois impressas também foi incrível,
eles amaram ver o resultado de seus cliques ali disponível para todos, achei
muito interessante que alguns reconheceram a foto que tiraram mesmo antes que
eu lhes informasse de quem eram.
A meta 3 do mapa conceitual foi a que menos
teve a participação das crianças não encontrei uma forma de participarem
ativamente por tratar-se de algo muito complexo para a faixa etária. Então,
pensando na proposta da escola, no projeto político pedagógico e nos planos de
estudo para a faixa etária, elaborei o mesmo utilizando os conhecimentos que
adquiri no curso na elaboração de outros mapas.
A meta 4 foi a mais fascinante, ver o projeto
andar finalmente foi maravilhoso! Mais uma vez as mídias digitais estiveram
presentes, utilizamos a lousa interativa e o computador para pesquisas, como a
turma ainda não lê a pesquisa por imagens e vídeos foi a forma mais utilizada.
Porém depois de cada descoberta fazíamos o registro através de desenhos. As
famílias também participaram ativamente mandando imagens e pesquisas que sempre
eram mostradas ou lidas na rodinha e anexadas ao nosso painel do projeto que ao
final estava repleto de registros, fotos e materiais.
As diferentes linguagens foram se encaixando
e cada uma delas foi sendo trabalhada em consonância com o projeto, propondo
uma aprendizagem rica, participativa e multidisciplinar. Ao chegarmos na parte
da alimentação do animal vivemos uma experiência incrível colhendo e comento
frutos das árvores da escola, e também descobrimos sobre a utilidade deste
animal para o equilíbrio ecológico. Tratar os animais com respeito e carinho
foi uma lição que aprendemos nesta trajetória através de músicas e histórias.
A atual
etapa [da educação infantil] reconhece o direito de toda criança à infância.
Trata-a como “sujeito social” ou “ator pedagógico” desde cedo, agente
construtor de conhecimentos e sujeito de autodeterminação, ser ativo na busca
de conhecimento, de fantasia e Revista Pandora Brasil – Número 34, Setembro de
2011 – ISSN 2175-3318 Alzeni Ferreira Lopes / Édina Maria Batista Rangel dos
Santos Paula Joelma Soares Ferreira / Pollyana Valéria Gomes Brito O desafio do
uso das TIC na educação infantil, p. 170-184. 173 da criatividade, que possui
grande capacidade cognitiva e de sociabilidade e escolhe com independência seus
itinerários de desenvolvimento. A inteligência infantil, sua linguagem e suas
formas de representação via desenhos, modelagens, pinturas, são cada vez mais
valorizadas, também pela indústria cultural e de entretenimento, além da
publicidade (OLIVEIRA, 2007, p. 81). E foi assim que os vi ativos participes da
aprendizagem e potentes em suas descobertas.A boa notícia é que a partir de uma
das questões levantadas pelas crianças sobre a semelhança do lagarto e dos
dinossauros, um novo caminho se abriu e o projeto continua seguindo agora
outros horizontes!!
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