Achei importante compartilhar com vocês minhas primeiras impressões sobre esta cadeira que se iniciou na segunda 31/08. Realmente fiquei embebecida com a riqueza de nossa discussão inicial, foi empolgante, conflitante e esclarecedor! Cheguei da aula repensando e questionando o tal conceito de infância...(Adoro quando volto de uma aula e isso acontece). Como professoras temos teorias muito fechadas muitas vezes sobre as crianças do momento atual e a aula me fez qestionar nosso importante papel de procurar a melhor maneira possível de realizar nosso trabalho ao invés de logo julgar, esta, como uma geração em declinio.
O fato é que ao compararmos nossa experiência de infância com a infância dos dias atuais as diferenças são imensas, mas por que insistimos em comparar? Infâncias são únicas! Nenhuma é melhor ou pior. As possibilidades, as vivências e as prioridades são diferentes, o conceito de infância não é um só... Ele se diferencia... E não é só uma relação temporal, e sim uma série de fatores a sociedade tem sei conceito de infância, a mídia vende um conceito de infância, cada um de nós tem um conceito sobre ela.
A qualidade do que é oferecido é fundamental! Ampliar horizontes, dar novas possibilidades e mostrar novos caminhos é o nosso papel como educadores. Nossa responsabilidade não só como educadores, mas como sociedade em geral em relação as crianças, é imensa... Nós apresentamos o mundo as crianças ao nosso redor...Que mundo estamos apresentando? Que possibilidades estamos oferecendo? Não adianta cruzar os braços criticar a sociedade capitalista e consumista que vivemos e as mídias em geral..É preciso oferecer possibilidades, caminhos, olhares, afetos, vivências... Ajudamos a construir o conceito de infância a cada vivência que temos com um pequeno, e qual é o conceito de infância que você tem? Vai criticar ou qualificar as infâncias que acontecem ao seu redor?É preciso refletir...
A Chuva

A chuva derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios.
A chuva molhou os transeuntes. A chuva encharcou as
praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu
as marés. A chuva e seu cheiro de terra. A chuva com sua
cabeleira. A chuva esburacou as pedras. A chuva alagou a
favela. A chuva de canivetes. A chuva enxugou a sede. A
chuva anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A
chuva de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva
destroçou os guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A
chuva apagou o incêndio. A chuva caiu. A chuva
derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva ligou o
pára-brisa. A chuva acendeu os faróis. A chuva tocou a
sirene. A chuva com a sua crina. A chuva encheu a piscina.
A chuva com as gotas grossas. A chuva de pingos pretos.
A chuva açoitando as plantas. A chuva senhora da lama. A
chuva sem pena. A chuva apenas. A chuva empenou os
móveis. A chuva amarelou os livros. A chuva corroeu as
cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu ruído de
vidro. A chuva inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto. A
chuva multiplicando insetos. A chuva sobre os varais. A
chuva derrubando raios. A chuva acabou a luz. A chuva
molhou os cigarros. A chuva mijou no telhado. A chuva
regou o gramado. A chuva arrepiou os poros. A chuva fez
muitas poças. A chuva secou ao sol.
Poema de Arnaldo Antunes, ilustrado por Nina.
Augusto de Campos
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