segunda-feira, 27 de junho de 2016

Ensino de Música

Música e Educação

Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes.

Com as palavras do grande Rubem Alves início minha reflexão sobre o ensino de música. Antes de qualquer coisa, preciso citar que as artes sempre foram uma grande paixão em minha prática pedagógica. Como não poderia ser diferente, a música é minha parceira tanto na vida profissional quanto pessoal, canto em uma banda, toco percussão e já participei da regência de corais. Como professora sou uma defensora do ensino de música nas escolas, por entender esta como uma forma de expressão importantíssima e os grandes benefícios que proporciona ao desenvolvimento pleno infantil.
A partir da segunda metade do século XX, muitos estudos vem sendo feitos no âmbito musical e todos destacam sua importância como meio de expressão humana desde os primórdios das civilizações. Através da música é possível acessar toda a pluralidade cultural ampliando e qualificando as possibilidades de aprendizagem. Além disso, a música é uma ferramenta interdisciplinar capaz de interligar com qualidade as diferentes áreas do conhecimento.
Trabalho atualmente na Educação Infantil, em turmas de 1 a 3 anos de idade, com um projeto voltado a área das artes. Onde busco de maneira lúdica trabalhar conceitos musicais, apresentar diferentes propostas sonoras e ampliar o repertório musical das crianças através de inúmeros artistas, ritmos e repertórios. Nessa fase do desenvolvimento as crianças são extremamente musicais, expressam-se, apreciam, e comunicam-se através da musicalidade que vem muito antes da fala, vem lá do desenvolvimento fetal. “Os bebês brincam com a voz e produzem padrões rítmicos que estruturam suas vocalizações e anunciam a presença da intencionalidade na comunicação.” ( Maffioletti-2014 Pg.119). Mesmo as crianças que ainda não falam, expressam-se com musicalidade através do choro, dos balbucios e de seus primeiros ensaios para fala.
A música, por tanto é fundamental pra o desenvolvimento da oralidade, ampliando e enriquecendo o vocabulário infantil. A produção de sons com o corpo, ou através de objetos ao encanta! Além disso, já um ensaio a escrita, segundo Balintini (2011 pag.3) “quando você fala em sapo com uma criança, ela se lembra da cantiga “O sapo não lava o pé”. Nessa mobilização já existem elementos fundamentais da leitura” Do seu ponto de vista, essa é a oralidade que a faz escrever.
Tendo em vista estes aspectos a música não é algo a ser aprendido e sim, desenvolvido ao logo da vida a partir das experiências que vão sendo propiciadas ao longo da vida. A música é intrinsecamente ligada ao brincar, brincar este que é fundamental para o desenvolvimento humano. Ambos nascem conosco e são responsáveis pelo desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.

Enfim, este foi um semestre para mais uma vez repensarmos nossas práticas e ampliarmos nossos horizontes no ensino desta manifestação artística tão importante. É fundamental, portanto, abrir espaços para que a música vá além daquelas que orientam a rotina escolas, mas que seja fundamental suporte para aulas ricas, lúdicas e significativas. “O canto espontâneo é uma das mais importantes formas de expressão da criança, tão significativo quanto o desenho, a gestualidade e o comportamento infantil”. (Parizzi 2005pag-445).

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