segunda-feira, 27 de junho de 2016

O Brincar e sua Importância no Desenvolvimento Humano

Brincar é algo intrínseco do ser humano, está em nossa essência e completamente relacionado ao nosso desenvolvimento pleno. As atividades lúdicas são tão importantes que devem estar presentes no cotidiano, tanto infantil como adulto, momentos como estes estão diretamente relacionados ao bem estar e a saúde.
Segundo reportagem da revista Mente Célebre, que traz uma pesquisa do psiquiatra Stuart Brown, o brincar tem tal importância que sua ausência pode estar diretamente relacionada a transtornos violentos humanos. Ao entrevistar 26 assassinos, Brown concluiu que suas histórias de infância tinham dois pontos básicos em comum: famílias violentas e a rara ou inexistente presença do brincar. Isso aponta para o fato da brincadeira ser fundamental na formação social do sujeito, é através dela que somos capazes de assumir diferentes papais, lidar com medos e frustrações, delegar funções e lidar de maneira lúdica com aquilo que não é possível abstrair de nenhuma outra forma.
Mas, como nomear algo de tanto valor? Há muitas divergências quanto à nomenclatura. Para Rosa (1993) o termo mais abrangente é “Luddos” que vem do Latim. Este termo de modo geral abrange toda a amplitude do brincar sejam jogos, competições, a faz-de-conta, as recreações... Alguns autores ainda, preferem imprimir conceitos distintos para o jogo, o brincar, a brincadeira e o momento lúdico. Segundo o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, brincar significa divertir-se infantilmente, entreter-se, recrear-se, distrair-se... Mas, os estudos mostram cada vez mais que o brincar vai muito além disso.
            Independente da nomenclatura utilizada para defini-lo, as diferentes áreas que estudam o desenvolvimento humano convergem ao ressaltar sua fundamental importância. Segundo a psicanálise a brincadeira é uma das maneiras que o nosso subconsciente encontra de demonstrar os desejos e frustrações de forma simbólica. Ou, seja o jogo é fundamental para as elaborações de situações dolorosas, felizes ou cotidianas. O brincar está relacionado a nossa vida desde a mais tenra idade, o bebê encontra na mãe seu primeiro objeto, é uma alegria lúdica que o envolve ao ter suas necessidades sendo supridas. Ao longo de sua trajetória este objeto assume outras formas e mais trade esta mesma alegria lúdica é possível através do jogo.
Todas as facetas que envolvem o jogo contribuem para a construção social do sujeito, ganhar, perder, trocar de personagens, frustrar-se são peças chave para a socialização e preparam para a vida adulta. Segundo Piaget “a possibilidade de desenvolver estruturas para o conhecer e o viver.” A comunicação das crianças com o meio acontece através da brincadeira, pensando nisso Wallon quebrou paradigmas ao afirmar que a aprendizagem vai além dos conteúdos progmáticos, ela está ligada a essência da criança... A afetividade e o movimento. Se a criança se desenvolve através do movimento, logo, toda sua aprendizagem perpassa a sensibilidade, a experimentação, o corpo, a exploração, todos estes fatores são necessários dentro do ambiente escolar despertando as capacidades de articulação da criança.
Contudo, o espaço para brincadeira livre vem diminuindo cada vez mais na infância, seja na escola ou no seio familiar, esta vem sendo substituída por uma série de atividades extras que “ contribuem por exemplo para entrada em uma boa universidade”. Pensando nisso, em 1965 foi fundada na Dinamarca a Associação Internacional da Brincadeira, com a finalidade de promover e preservar os momentos lúdicos.
No ambiente escolar, embora os educadores entendam a importância do brincar na construção social infantil, é comum que espaços para a brincadeira livre não sejam valorizados criando de certa maneira uma oposição entre o Brincar X Estudar. A brincadeira não desmerece o trabalho pedagógico do professor como muitos pensam, mas também não o libera de suas responsabilidades do ensinar. Ou seja, o brincar livre não é apenas o “deixar brincar” como alguns possam imaginar, existe todo um envolvimento do professor na escolha de matérias, na observação e análise deste brincar, nas orientações que são necessárias de maneira que haja uma intervenção mas, não uma orientação permanente neste espaço.
Parece difícil compreender o papel do educador neste processo, e em seu texto sobre o Brincar na Educação Infantil a professora Tânia Fortuna da uma resposta que entendo como fundamental sobre como deve ser a brincadeira: “Nem tão “largada” que dispense o educador, nem tão dirigida que deixe de ser brincadeira.” A disponibilidade de brinquedos não é o suficiente, para realizar uma proposta pedagógica que se conecte ao lúdico é necessária uma observação do que acontece, assim é possível compreender o que a criança faz, suas ações de maneira entender como está elaborando suas hipóteses. O melhor jogo é aquele que instiga o brincante e lhe proporciona a experiência. Este também é um momento para através de pequenas intervenções e questionamento o educador estimule a atividade mental e psicomotora das crianças.
O jogo é produção de cultura, através do jogo são valorizadas diferentes abordagens como a cultura popular. Por isso, para falar e pensar o brincar é necessário mais do que apenas uma olhar para os grandes pensadores e teóricos, é necessário dar ouvidos ao saber popular, afinal se o brincar está na essência humana logo todos temos algo a contribuir sobre o brincar. Além disso, para compreendermos todos os processos envolvidos na brincadeira é necessário ouvirmos os maiores entendedores deste assunto: As crianças!! Elas próprias podem nos mostrar caminhos e alternativas para a brincadeira seja através de suas falas ou ações potentes no jogo. Para isso, é necessário muito mais do que estudo e leitura, é necessário uma olhar atento e sensível para a prática infantil. Precisamos, para entender o brincar, assumir uma postura brincante, reconhecendo nos pequenos detalhes os conceitos tão fundamentais da brincadeira.
Bibliografia:
Wermer, Melinda. Brincar é coisa séria. Mente Célebre- São Paulo:Ediouro Dueto Editorial Ltda. Ano XVIII, 216, jan/2011(Pag: 26-35).
Nova Escola. Edição Especial: Hora do brincar-Fundação Victor Civita. São Paulo, 2011 ( Pág.11-15).
Carvalho, Alyson [etal].org. Brincar (es). Belo Horizonte. Editora UFMG: Pró Reitoria de Extenção/ UFMG, 2005.
Sommenhalder, Aline. Jogo e a Educação da Infância: muito prazer em aprender/ Aline Sommenhalder, Fernando Donizete Alves-1 Ed.- Curitiba, pág 123.
Fortuna, Tânia Ramos. Sala de aula é lugar de brincar? In: Xavier, M.L.F. e Dalla Zen, M.I.H. Planejamento: análises menos convencionais. Porto Alegre: Mediação 2000( Cadernos de Educação Básica,6 ).

Ensino de Música

Música e Educação

Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes.

Com as palavras do grande Rubem Alves início minha reflexão sobre o ensino de música. Antes de qualquer coisa, preciso citar que as artes sempre foram uma grande paixão em minha prática pedagógica. Como não poderia ser diferente, a música é minha parceira tanto na vida profissional quanto pessoal, canto em uma banda, toco percussão e já participei da regência de corais. Como professora sou uma defensora do ensino de música nas escolas, por entender esta como uma forma de expressão importantíssima e os grandes benefícios que proporciona ao desenvolvimento pleno infantil.
A partir da segunda metade do século XX, muitos estudos vem sendo feitos no âmbito musical e todos destacam sua importância como meio de expressão humana desde os primórdios das civilizações. Através da música é possível acessar toda a pluralidade cultural ampliando e qualificando as possibilidades de aprendizagem. Além disso, a música é uma ferramenta interdisciplinar capaz de interligar com qualidade as diferentes áreas do conhecimento.
Trabalho atualmente na Educação Infantil, em turmas de 1 a 3 anos de idade, com um projeto voltado a área das artes. Onde busco de maneira lúdica trabalhar conceitos musicais, apresentar diferentes propostas sonoras e ampliar o repertório musical das crianças através de inúmeros artistas, ritmos e repertórios. Nessa fase do desenvolvimento as crianças são extremamente musicais, expressam-se, apreciam, e comunicam-se através da musicalidade que vem muito antes da fala, vem lá do desenvolvimento fetal. “Os bebês brincam com a voz e produzem padrões rítmicos que estruturam suas vocalizações e anunciam a presença da intencionalidade na comunicação.” ( Maffioletti-2014 Pg.119). Mesmo as crianças que ainda não falam, expressam-se com musicalidade através do choro, dos balbucios e de seus primeiros ensaios para fala.
A música, por tanto é fundamental pra o desenvolvimento da oralidade, ampliando e enriquecendo o vocabulário infantil. A produção de sons com o corpo, ou através de objetos ao encanta! Além disso, já um ensaio a escrita, segundo Balintini (2011 pag.3) “quando você fala em sapo com uma criança, ela se lembra da cantiga “O sapo não lava o pé”. Nessa mobilização já existem elementos fundamentais da leitura” Do seu ponto de vista, essa é a oralidade que a faz escrever.
Tendo em vista estes aspectos a música não é algo a ser aprendido e sim, desenvolvido ao logo da vida a partir das experiências que vão sendo propiciadas ao longo da vida. A música é intrinsecamente ligada ao brincar, brincar este que é fundamental para o desenvolvimento humano. Ambos nascem conosco e são responsáveis pelo desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.

Enfim, este foi um semestre para mais uma vez repensarmos nossas práticas e ampliarmos nossos horizontes no ensino desta manifestação artística tão importante. É fundamental, portanto, abrir espaços para que a música vá além daquelas que orientam a rotina escolas, mas que seja fundamental suporte para aulas ricas, lúdicas e significativas. “O canto espontâneo é uma das mais importantes formas de expressão da criança, tão significativo quanto o desenho, a gestualidade e o comportamento infantil”. (Parizzi 2005pag-445).

Luz e sombra na FE1

Jogo: Exploração Luz e Sombra

FE1( Crianças entre 1 e 2 anos de idade)

Objetivos:




ü Explorar materiais diversos possibilitando o reconhecimento das sombras através de diferentes possibilidades;
ü Interagir com diferentes objetos, experimentando sensações e possibilidades;
ü Desenvolver a motricidade fina através do contato com materiais luminosos;

Material e Metodologia:  

ü Serão dispostas bandejas de experimentação contendo areia colorida, escondidos na areia estarão diferentes materiais luminosos (anéis com luzes coloridas, pequenas lanternas, pulseiras neon...). Perto destes matérias, estarão dispostos recipientes transparentes e colheres para livre exploração.
ü Também estará montado na sala o retroprojetor contendo plastificado, sobre eles terá areia colorida e em frente uma tela para projeção do que será produzido;

ü O ambiente da sala estará escurecido para ampliar as possibilidades de exploração de luz e sombra;
     Olha o resultado!!!!!!





sexta-feira, 17 de junho de 2016

As Borboletas!!!

Plano aplicado em uma turminha de FE2- Faixa Etária 2 anos de idade


Iniciamos a aula ouvindo a poesia “Borboletas” de Vinicius de Moraes, ela foi apresentada com borboletas feitas de dobradura em várias cores que iam sendo entregues as crianças;


Em seguida realizei uma brincadeira matemática, convidada as crianças para separar as borboletas por cor e pelos tamanhos;

Também pintamos filtros de papel com canetinhas e pingamos com conta-gotas álcool para dar o efeito...




A tarde ouvimos a música “As borboletas” de Adriana Calcanhoto que é a poesia cantada; https://www.youtube.com/watch?v=L4_rvMJtcSA
Dançamos com as borboletas que montei no intervalo utilizando os filtros de papel...


segunda-feira, 6 de junho de 2016

Ludicidade na Educação Infantil: A Importância do Brincar Heurístico

Gostaria de dividir com vocês um trabalho que realizei na turma de FE2 em meu projeto de arte/literatura... trabalhei com esta turminha o livro: A princesa Maribel de Patacrúa e Javier Solchaga. O livro traz uma história divertida e uma proposta muito inventiva que através de materiais diversos vai apresentando os personagens envolvidos na narrativa.

Após a história a proposta foi com materiais heurísticos, entre eles cones, blocos, tampinhas, latas correntes, enfim uma proposta lúdica de construções diversas. O resultado foi incrível a percepção das crianças, as explorações diversas a partir dos materiais, o traspor, a sonoridade...Realmente maravilhoso! Estou lendo muitas coisas sobre este assunto e vendo na prática, em uma pequena sala com estes materiais que montei na escola em parceria com uma colega o quanto tais abordagens são significativas...
"Na Sala Loris Malaguzzi já foi desenvolvido um Jogo Heurístico com distintos instrumentos. Muitos destes instrumentos estavam repetidos. Durante a atividade as crianças exploraram as pandeiretas através do tato, verificando que algumas tinham a pele lisa e outras menos lisa. Verificaram ainda que as pandeiretas tinham tamanhos e características diferentes, visto que umas davam para empilhar porque eram do mesmo tamanho e tinham pele. E outras eram de tamanhos diferentes e não possuíam pele, por isso era possível colocá-las umas dentro das outras, e não empilhá-las. E muitas outras conclusões foram desenvolvidas, permitirando que a criança desenvolvesse competências na área do raciocínio lógico-matemático, conhecimento do mundo e formação pessoal e social."




Em seguida partimos para um registro artístico onde a proposta era um desenho inventivo cujo suporte era uma folha com materiais diversos colados... O resultado foi muito bacana!



Santin (2001) destaca que nós somos os únicos seres vivos capazes de simbolizar, isso significa que podemos atribuir um valor ou significado a determinado objeto ou animal, por exemplo, do qual não faz parte dele transformando-o em símbolo. Nesse sentido nasce um brinquedo, um plástico, por exemplo, pode se tornar uma capa de super herói, uma caixa pode virar um tijolo ou um instrumento musical. Porém, quando o brinquedo “faz tudo” não é necessário ser criativo e imaginar. Quando a criança tem a possibilidade de explorar materiais e brinquedos que permitem a ela curiosar, criar e imaginar, ela tem a oportunidade de interagir com o mundo, com os outros e com ela mesma. Segundo Santin (2001, p. 46) “O brinquedo pronto e acabado pede para ser usado dentro das funções a que foi destinado; em hipótese nenhuma desenvolve a imaginação criativa que leva a produzir novas formas e diferentes funções”.