Antes de contar minha história como
professora, parei para refletir nas questões apresentadas e um sentimento muito
profundo me tomou: primeiro porque parei para pensar em quando esta história
começou e percebi que já estou em sala de aula há dez anos, aprendendo todos os
dias e procurando deixar algo de mim por onde passo, segundo porque me emociona
pensar no que esta profissão significa para mim. Uma menina do interior, filha
de uma mãe batalhadora e pai bombeiro militar, muito orgulhosa da profissão do
meu primeiro herói desde muito cedo não sabia o que, mas queria fazer algo que
ajudasse as pessoas como meu pai.
Os anos foram passando e tive
professores que marcaram minha história, aos 10 anos já sabia: Queria ser
professora, afinal não há profissão que não passe pelas mãos de um professor
para existir, não poderia fazer algo mais importante para a humanidade do que
transmitir conhecimento. Aos 14 anos saí do interior para fazer magistério em
Novo Hamburgo, sem nem saber pegar ônibus sozinha. Com a mala recheada de
sonhos, e vontade de aprender cheguei a Escola Estadual 25 de Julho onde fiz a
prova e passei para fazer magistério. Com o passar do tempo minhas convicções
iam se fortalecendo em relação a minha escolha e já no segundo ano de estudo
comecei a trabalhar com Educação Infantil.
Foram anos muito intensos onde tive a
oportunidade através dos estágios de integrar teoria e prática, nem tudo foram
flores... Conheci a realidade das escolas e as batalhas diárias da profissão,
mas nada me fez desistir. Depois de um ano de formada em 2010 passei no
concurso para professor na prefeitura municipal de Novo Hamburgo. Cheguei
tremula a EMEF Dr. Antônio Bemfica Filho, uma escola maravilhosa no bairro
Petrópolis, que me acolheu e que tinha um trabalho desafiador na área de
projetos educacionais. Assumi uma turma de 5° ano, alunos da minha altura, mas com
muita coragem e força de vontade fiz um bom trabalho e fui ganhando espaço
dentro da minha escola e da comunidade. Nesta época, além de todas as novidades
profissionais ainda estava recém-casada, eram sonhos que se misturavam e muitas
responsabilidades pela frente.
Tive experiências maravilhosas na
alfabetização, mas ao retornar para a educação infantil reencontrei minha
verdadeira paixão. Percebi que estava na hora de ampliar meus conhecimentos e
enriquecer minha prática, procurei então uma faculdade e iniciei o curso de
Pedagogia. Contudo, no meu coração sempre pintava o sonho de estudar na UFRGS,
e quando este sonho se tornou real no ano de 2014 foi uma alegria. Larguei tudo
e me lancei neste novo desafio, afinal, vida de professor é assim, nunca
sabemos o que vamos encontrar e se não tivermos coragem de encarar cada novo
desafio de frente, estacionamos em nossa prática. Ser aluna na UFRGS é chegar
onde sempre sonhei, é uma continuidade e um trampolim para meus novos sonhos.
Ao refletir sobre todos esses anos e
tudo o que já passei em minha trajetória profissional, me vejo ainda com uma
grande jornada pela frente, um bom professor aprende sempre, qualifica sua
prática e não se conforma... Parar não é algo que passe pela cabeça, a paixão é
o que nos move. Na verdade acho que a palavra é essa: PAIXÃO. Classifico-me
assim: APAIXONADA! E penso que não há outra definição para lutar todos os dias
contra as dificuldades do sistema de ensino brasileiro, para encarar os
desafios que a aprendizagem nos impõe, para ver uma sociedade que não valoriza
nosso papel e mesmo assim pensar: Vale a pena! Paixão, é isso que me faz levantar
todos os dias e acreditar que cada aluno é único e muda a cada dia minha vida,
assim como eu busco mudar a vida de cada um deles a cada palavra, cada gesto e
cada nova aprendizagem que vivemos juntos.
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