Gallahue
e Ozmun (2003), em seus escritos, relatam que: “Brincar é o que as crianças
pequenas mais fazem quando não estão comendo, dormindo ou obedecendo à vontade
dos adultos. As brincadeiras ocupam maior parte de suas horas despertas e isso,
pode, literalmente, ser equivalente como o trabalho para a criança” (p.236).
Foi gostoso ver o vídeo sugerido para nossa reflexão sobre o brincar, que
é algo tão fundamental para o bom desenvolvimento da criança. Ao pensarmos o brincar
é impossível não lembrar estes belos momentos em nossa própria infância e ao
mesmo tempo impossível não se emocionar com as imagens que vem a mente.
Tive uma infância feliz! Sem muitos recursos, ou brinquedos
estruturados a criatividade era a principal ferramenta de meu “trabalho
brincante”, lembro bem de minhas aventuras com meus primos nos morros da cidade
de Parobé onde moravam meus avós. Quanta alegria! Fazíamos casinhas com restos
de madeira, roubávamos milho para cozer em latas velhas (o sabor do milho é o
melhor que já provei), descer a rua de carro de lomba e passar horas na engenharia
de como construir um. Uma verdadeira escola, onde talvez tenha aprendido coisas
mais importantes para meu sucesso pessoal do que nas horas que passei decorando
a tabela periódica. Roupas e roupas jogadas fora, pois não tinham mais salvação
de tanto barro. Que saudade!
É através da brincadeira que aprendemos a socializar, dividir, criar,
expandir nossos horizontes... Ainda há resistência por parte de alguns
professores a este brincar livre e criativo, ele é barulhento e por vezes
agitado. Contudo através da interação também existe aprendizagem, e talvez
maior do que aquela que acontece no silêncio por traz das carteiras e da
decoreba. Quem sabe se eu tivesse aprendido matemática através dos desafios da
brincadeira ela não me parecesse o mostro que é.
A brincadeira precisa ser vista como parte integrante do currículo,
pensada para servir de como ponte para uma aprendizagem interdisciplinar e
significativa. A criança não é uma tabula rasa pronta a ser escrita pelo educador,
do contrário possui vivências significativas que devem ser valorizadas e muitas
delas são adquiridas no brincar. Cabe a nós como educadores, valorizar a
brincadeira e criar possibilidades para enriquecer ainda mais estes momentos na
infância, aprendendo com as crianças e relembrando o quanto estes momentos
foram significativos para nós.